A Biblioteca Pública de Évora, ou “Livraria” nas palavras do seu fundador Frei Manuel do Cenáculo em 1805, é a mais antiga biblioteca pública portuguesa, a primeira a ser aberta para o público com o objetivo de disponibilizar o acesso ao conhecimento à cidade e a todos que nela viviam. Alberga desde então os mais inesperados e importantes documentos históricos, verdadeiros tesouros, que chamam a si e à cidade de Évora pessoas de outras geografias do mundo. Aquela que foi a primeira biblioteca portuguesa a abrir para o público, reabriu, recentemente, as suas portas à comunidade após um ano de obras para reabilitação do seu edifício. A sua diretora Zélia Parreira espera que, em 2027, a Biblioteca Pública de Évora possa ter uma presença mais constante na vida da comunidade e que candidatura a Capital Europeia da Cultura possa contribuir para uma participação mais cívica de todos nas instituições da cidade.
Córtex Frontal é um projeto cultural multidisciplinar criado em 2016 em Arraiolos, Alentejo (Portugal), por Mercedes Vidal-Abarca e Nuno Félix da Costa. Espaço de residências artísticas, oficinas e exposições, Córtex Frontal é também um lugar de promoção do encontro entre artistas e a comunidade local, onde cada artista que aí é recebido é desafiado a oferecer algo aos residentes e às instituições de Arraiolos. Essencial à criação artística, o tempo é talvez o que de mais valioso tem o Alentejo, nas palavras de Mercedes Vidal-Abarca, para quem a candidatura de Évora a Capital Europeia da Cultura é já em si uma oportunidade para que instituições e agentes culturais se conheçam e para serem lançados os alicerces de uma rede de criação e programação cultural vital para o Alentejo.
A Sociedade Harmonia Eborense é uma associação que conta com 171 anos de existência. Nasceu em 1849, no rescaldo dos confrontos que opuseram liberais e absolutistas, e a um conceito conciliador dos seus fundadores, na procura de paz entre as pessoas, deve o seu nome de Harmonia. Situada no mais central dos espaços urbanos, é um espaço que durante mais de século e meio, tem sido um reflexo da sociedade eborense, numa grande capacidade de se adaptar aos tempos e vivências sociais e políticas, juntando durante todos estes anos inúmeras pessoas em torno do gosto, partilha, dinamização e preservação da cultura local. Pablo Vidal, atual presidente da Associação Harmonia Eborense, acredita nesta candidatura de Évora a Capital Europeia da Cultura e considera-a fundamental no processo. Será uma oportunidade para as associações eborenses que muitas vezes por uma questão de sobrevivência estão isoladas, se juntarem e pensarem em conjunto para um bem comum.
Criado em 2019, o Centro Interpretativo dos Almendres, na aldeia de Guadalupe, a poucos quilómetros da cidade de Évora, tem como principal objetivo criar entusiasmo e paixão pela Pré-História de Évora. Além de apoiar as visitas ao Cromeleque dos Almendres, um dos primeiros exemplos de arquitetura monumental na Europa, o maior sítio megalítico da Península Ibérica e o mais antigo conhecido em Portugal, este espaço propõe também atividades focadas na arqueologia experimental. Da transformação do território que ocorreu durante o Neolítico à cultura aí criada que ainda hoje subsiste na identidade cultural alentejana, à conversa com o arqueólogo Mário Carvalho (re)descobrimos como Évora se aproxima da Europa através da sua paisagem megalítica e quais os desafios que se colocam à conservação e divulgação dos monumentos megalíticos da região, dos quais destaca o Cromeleque dos Almendres, a Anta Grande do Zambujeiro e a Gruta do Escoural.
A Oficinas do Convento – Associação Cultural de Arte e Comunicação surgiu pela mão de um grupo informal de artistas, no ano de 1996, em Montemor-o-Novo, com o objetivo de recuperar, conservar e requalificar os espaços do antigo Convento de São Francisco através do desenvolvimento de um trabalho focado nas Artes Plásticas. Atualmente, com uma área de ação bastante abrangente, que vai desde a criação artística (multidisciplinar), à formação, programação e investigação, a Oficinas do Convento é uma importante associação que contribui para que a cultura se afirme como um eixo de desenvolvimento da cidade e concelho de Montemor-o-Novo, numa estreita relação com a comunidade local.
A produção de Figurado em Barro de Estremoz ou “Bonecos de Estremoz”, como vulgarmente é conhecida, é uma arte multissecular cujas primeiras evidências arqueológicas datam do século XVII. Esta arte que teve a sua origem associada à religiosidade pelas mãos das “boniqueiras”, mulheres que faziam curiosidades em barro, representa hoje na sua essência toda a dimensão do Alentejo e das suas gentes na vivência rural e urbana. Classificada como Património Cultural Imaterial da Humanidade UNESCO, é uma das peças fundamentais para o desenvolvimento e projeção cultural do município de Estremoz.
Entre carvalhos, azinheiras, carrascos, medronheiros, loureiros e outras espécies de árvores, na floresta protegida da Tapada dos Veados na Herdade da Mitra (Polo da Mitra da Universidade de Évora), ouvimos falar sobre o sobreiro, nossa árvore nacional e principal habitante da floresta identitária alentejana. Pelas vozes do professor Nuno de Almeida Ribeiro e da investigadora Constança Camilo-Alves descobrimos as suas características e qualidades que a fizeram árvore protegida desde a Idade Média e uma referência mundial no que diz respeito à utilização sustentável da floresta na sua plenitude. Muito para além da sua importância para a economia nacional, estas árvores são património cultural vivo refletido na memória coletiva das comunidades alentejanas, também através da sua representação na música, poesia, pintura, dança, entre outras formas de expressão artística.
O Arquivo Distrital de Évora alberga em si uma série de documentação que, procurados por pessoas que chegam a Évora vindos de cada canto do mundo, lhe conferem dimensão internacional. Criado em 1912, e sediado no Colégio do Espírito Santo desde 1962, trabalha diariamente para catalogar, preservar e arquivar, milhares de quilómetros de documentação do distrito carregada de história, que ali chega oriunda principalmente de conservatórias e tribunais. Entre muitos documentos, que datam do início do séc. XIV até ao séc. XXI, destacam-se os pergaminhos da Câmara Municipal de Évora, a coleção de livros de coro dos conventos de música litúrgica, o baptismo do Rei D João IV e sua filha D. Catarina de Bragança, o livro dos Irmãos da Misericórdia que tem a assinatura do Rei D. Manuel e da Rainha D. Leonor. Documentos repletos de informação, memórias, histórias, para visitar e reinventar em atividades culturais.
Sediado na pequena vila da Cumeada, freguesia de Reguengos de Monsaraz (Alentejo) o Dark Sky® Alqueva é um observatório oficial criado pela associação Dark Sky®- Portugal, que nos liga ao Universo através da observação solar e astronómica. Criado em 2007, este projeto dedica-se à proteção do céu noturno através da sensibilização para a redução da poluição luminosa, transformando o céu do Alentejo num local único e preferencial para descobrir planetas, nebulosas, galáxias, enxames de estrelas ou mesmo as crateras da lua. Um céu que, em 2011, foi certificado e distinguido pela Starlight Foundation como o primeiro “Starlight Tourism Destination” do mundo. Uma certificação apoiada pela UNESCO, UNWTO e IAC.
N'O Espaço do Tempo - estrutura de apoio à criação e residências artísticas - permite-se o distanciamento que todo o processo criativo supõe. É isso que n’ O Espaço do Tempo, com sede no Convento da Saudação em Montemor-o-Novo, se procura, uma diferente perspectiva sobre aquilo que já conhecemos, um olhar que busca, por aqueles horizontes, formas de inspiração capazes de transformar a realidade humana. Replicar, repetir o que conhecemos dela, não é um propósito do Espaço do Tempo.
Os Bonecos de Santo Aleixo, títeres tradicionais do Alentejo, preservados pelo coletivo artístico do CENDREV - Centro Dramático de Évora foram capazes de assimilar muito do que são os hábitos, as músicas, os ritmos, as dinâmicas, o humor, as histórias que foram, que passam, que foram passando, O facto de os ouvirmos hoje decorre de uma tradição oral que soube resistir em comunidade, tornando-se voz de um lugar, de uma região que, no caso, expressa o seu sentir manipulando marionetas.
Na defesa do património cultural, o Grupo Pro-Évora (GPE) é a associação mais antiga do país (1919-2021). Do papel ativo na promoção da salvaguarda à sensibilização dos mais jovens, o Grupo Pro-Évora é o retrato do trabalho resiliente de uma associação ancorada na convicção de que uma sociedade ausente de história e de cultura não saberá entender os desafios que tem no futuro. Nesse percurso que tem as ruas e os lugares de Évora como enquadramento, Marcial Rodrigues, Nuno Lecoq e Celestino David conduzem-nos por entre os desafios e ameaças aos valores patrimoniais arquitetónicos, paisagísticos e naturais, desafiando-nos a refletir sobre a interseção do património com outras dimensões de cidade, como a coesão social e o ordenamento do território.